Tabagismo

O ato de fumar não é um “hábito”, e sim uma doença crônica que afeta pelo menos 9,8% da população brasileira, caracterizada pela adicção à nicotina (principal, mas não única causadora da dependência química do cigarro) e também por aspectos psicossociais e comportamentais.

Além de serem dependentes da nicotina, os pacientes fumantes apresentam risco de desenvolverem mais de 60 tipos de doenças diferentes 2. Fumar é a principal causa do câncer de pulmão e da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), nome dado pelos especialistas para a doença que combina o enfisema pulmonar e a bronquite crônica.

O pneumologista pode tratar essas e outras doenças associadas ao tabagismo. No entanto, o mais indicado é preveni-las, sobretudo porque além de essas enfermidades serem potencialmente graves e incapacitantes, o tabagismo pode ser fatal. Sendo assim, o paciente fumante deve procurar ajuda profissional antes de ter sintomas e indícios.

No Brasil, por exemplo, cerca de 428 pessoas morrem por dia em decorrência do consumo do tabaco 3. “Em 2015, foi estimado que houve 229.000 infartos agudos do miocárdio, 59.500 acidentes vasculares cerebrais, populares ‘derrames’, e 77.500 diagnósticos de câncer associados ao tabagismo”, explica o coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT, Dr. Paulo César Corrêa.

Além disso, o tabagismo também é considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo papel de destaque no agravamento do paciente infectado pelo Covid-19 4. A utilização de produtos de tabaco está relacionada também com tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrointestinal, disfunção erétil, infertilidade, osteoporose, catarata 2,4, entre outras condições.

Como funciona o tratamento?

Resumidamente, o médico vai conversar com o paciente para entender as formas de consumo do tabaco e traçar o perfil clínico de cada um. Alguns dos dados levantados são: média de consumo de cigarros por dia e por ano (carga tabágica), as formas de consumo – cigarro convencional, eletrônico, “artesanal”, de palha, vaporizador, narguilé, etc. -, uso associado de álcool e outras drogas, etc.

A partir do diagnóstico clínico do paciente, do grau de dependência e das razões / comportamentos que levam ao consumo dos produtos derivados do tabaco, o médico faz uma abordagem comportamental, ou seja, um plano de ação junto com o paciente, com o treinamento de habilidades para conseguir sucesso na interrupção do tabagismo.

Essa etapa envolve marcar o “dia d”, estabelecer metas de mudança na rotina, traçar uma pirâmide de motivações e uma lista sobre assertividade e ambivalência (motivos que levam a fumar versus motivos para parar), identificação de pensamentos automáticos, ensino / indicação de técnicas de relaxamento e de manejo de fissura e, assim, apontar e ajustar os caminhos para lidar com a abstinência de forma menos sofrida e mais efetiva