Os impactos do cigarro eletrônico no organismo: o que você precisa saber

A evolução tecnológica trouxe consigo uma nova forma de fumar: o cigarro eletrônico, ou vape. Inicialmente promovido como uma alternativa mais segura ao tabagismo tradicional, esses dispositivos acabaram por atrair não apenas fumantes em busca de uma alternativa, mas também uma fatia significativa da população jovem. No entanto, os atrativos do vape escondem uma série de riscos à saúde, que merecem atenção e discussão.

O que está por trás do vapor do vape?

Uma das principais diferenças entre o cigarro eletrônico e o convencional é a sua composição química. A quantidade de nicotina do vape varia de acordo com o fabricante e ele ainda apresenta mais de 80 substâncias tóxicas, cujos efeitos à saúde ainda são pouco compreendidos. Entre essas substâncias, destacam-se o propilenoglicol, a glicerina,as nitrosaminas e uma variedade de químicos oxidativos e metais, todos os quais têm sido associados ao desenvolvimento de câncer e outras condições de saúde preocupantes.

Os impactos no organismo vão além dos pulmões

Embora o câncer de pulmão seja uma das principais preocupações associadas ao uso de cigarros eletrônicos, os danos não se limitam a esse órgão. Estudos recentes sugerem que o vape pode ter efeitos nocivos em outras partes do corpo, incluindo o cérebro, o cólon e o coração.

No cérebro, por exemplo, o uso do cigarro eletrônico tem sido associado ao aumento de marcadores inflamatórios e à interferência no funcionamento de genes relacionados à motivação e ao processamento de recompensas. Isso pode aumentar o risco de AVC e predispor à dependência, além de contribuir para o desenvolvimento de condições como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

No cólon, os marcadores inflamatórios também podem aumentar, aumentando o risco de doenças gastrointestinais. E no coração, a imunossupressão induzida pelo vape pode tornar o tecido cardíaco mais suscetível a infecções e eventos cardiovasculares graves, como o infarto.

EVALI: um alerta para os perigos do vape

Além dos riscos já conhecidos, existe uma doença específica associada ao uso de cigarros eletrônicos: a lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, ou EVALI. Esta doença causa uma síndrome respiratória aguda e  pode se manifestar com sintomas como tosse, dor no peito, falta de ar, náuseas, vômitos e problemas abdominais, e em casos graves, pode levar à morte. A EVALI é um lembrete contundente dos perigos desconhecidos que os dispositivos de vape representam para a saúde pública.

Embora a ciência ainda esteja desvendando os mistérios dos efeitos do cigarro eletrônico no organismo, os dados disponíveis até o momento são preocupantes. A falsa sensação de segurança e os atrativos dos vapes não devem obscurecer os riscos reais que representam, especialmente para os jovens, que podem se tornar vítimas de uma dependência química que os acompanhará por toda a vida.
Como médica pneumologista, é meu dever alertar sobre os perigos do vape e incentivar a busca por alternativas mais saudáveis para lidar com o tabagismo. A prevenção e a conscientização são fundamentais para proteger a saúde das gerações futuras e construir um futuro livre dos malefícios do tabaco, em todas as suas formas.